Que medo que tenho de sobressair…
Que desconfortável é este conforto de não me ouvir/ver/sentir…
Quero demasiado passar entre as gotas da chuva…
Não me responsabilizar pela minha vida…
Sou ainda em tantos momentos a menina
que trás boas notas da escola à espera do abraço carinhoso de aprovação…
Sou ainda a boa aluna que tentar adivinhar o que é suposto fazer
Para ter mais uma vez a nota máxima…
Que tarefa de Hércules tem sido este adivinhar o que
Fazer para obter aprovação de pais, professores,
Mestres, Amigos, Filhos, Marido, Chefes...
Que tarefa extenuante e sem sentido...
O problema não são os pais, professores, mestres,
Amigos, filhos, marido, chefes, etc., etc...
O problema é a minha evicção de estar viva e ser
Responsável pela minha vida e os meus actos...
Enquanto me mantiver no desconfortável conforto de não arriscar
Posso continuar a imaginar-te vitima do que me acontece...
Mas no final do dia sou eu que escolho seguir a corrente como uma ovelha...
Quando eu me sinto pequena, pouco viva e não ouvida - É resultado das minhas escolhas.
Quando escolho o conforto de não escolher,
Quando escolho o conforto de não me ouvir,
Quando escolho o conforto de não sentir,
Quando escolho o conforto de não decidir,
Quando escolho o conforto de não usar o meu livre arbitrio e a minha liberdade...
É a minha voz que estou a silenciar aos bocadinhos
É a minha natureza que estou a escolher não revelar.
Que desconfortável conforto que é não ouvir o coração...
Que desconfortável conforto silenciar a voz que existe dentro...
É a minha ação esta gaiola dourada que construo à minha volta,
É para me sentir segura...
Não são os outros, o mundo, a sociedade, as pessoas que me amam
Que me prendem...
É o meu desejo de segurança, de aprovação, de ser amada.
É o medo de estar viva neste mundo tão assustador;
É o habito de sentir este medo como uma segunda pele,
Que me faz mover, agir sem sentir ou pensar por mim...
Como se assim não fosse responsável pela minha vida...
Ah, Ah, Ah... Que mentira que conto ao seguir o rebanho como uma ovelha desprotegida...
Fazê-lo é uma escolha minha,
Um desconfortável conforto que torna a vida cinzenta e vazia.
Posso parar.
Humildemente sentir.
Humildemente ouvir a voz de dentro.
Humildemente agarrar com coragem na vida e arriscar
Com todas as forças Ser.
Ouvir o coração com coragem.
Expressar-me com força e humildade.
Responsabilizar-me pela forma que escolho viver em cada momento.
Não sou uma pequena portuguesa, sem voz ou sem escolhas...
Sempre fomos grandes - A nossa historia é feita de grande visão, actos heroicos e grandes sombras...
Também eu sou assim, grandes sombras mas um coração muito grande...
Não sou um extraterrestre que caiu aqui;
Estou aqui para viver e aprender com tudo o que surgir...
Tenho muitíssimos para aprender...
Mas so posso fazê-lo entregando-me à vida de todo o coração.
Desarmada, arriscando expressar-me, escolher, sentir e responsabilizar-me...
E com humildade recomeçar...
Parece perigoso viver assim,
Mas o coração bate tão forte face à liberdade, a viver de verdade.