Activismo: Coração em Ação

Ativismo Real

O que é o Ativismo? O que significa ser ativo na sociedade? Que impacto podem causar as nossas ações? Será que o ativismo dos dias de hoje é eficaz nas lutas a que se propõe? O que será do mundo se todos nos comprometermos a pôr os nossos dons ao serviço da humanidade?
São perguntas para as quais tenho vindo a encontrar respostas ao longo da minha vida.
Na minha opinião para que haja ativismo real, ou seja para que o ativismo seja eficaz ou que se traduza numa mudança profunda capaz de mudar a sociedade, é preciso abordarmos tanto os aspectos comportamentais como espirituais do ser humano.
Os dois são apenas um e isso significa que não pode haver mudança na sociedade sem que haja mudança no espírito da mesma. 
Enquanto ativistas, se tentarmos mudar os comportamentos das pessoas sem um contexto espiritual que nos permita ir além do julgamento do outro, ver o outro como parte do todo, parte de mim, então facilmente vamos, mesmo com boas intenções, criar mais separação e segregação na sociedade. Desta forma a mudança será apenas superficial, temporária sem que cause real impacto na consciência coletiva. Nada se resolve fundamentalmente, apenas se altera a ordem dos acontecimentos, a intensidade, o local da ação. A qualidade profunda do comportamento humano mantém-se inalterada. Sem que cada um de nós ativistas perceba que a forma como vivemos é a base e o ponto de partida para inspirar outros a mudar, então iremos ter pouco sucesso na catalização de uma mudança significativa.
Várias guerras se fizeram, várias reformas, conhecimentos foram adquiridos, progresso foi feito e no entanto  continuamos a viver num mundo onde fundamentalmente cada pessoa apenas se preocupa consigo própria sem respeitar e considerar o outro. Este mundo é o reflexo do ego humano. Por isso, para que possa haver uma mudança real na sociedade é preciso ir além do ego. É preciso instaurar uma nova estrutura de base que permita romper com padrões egóicos altamente corrosivos que se mantiveram firmes ao longo da história da humanidade.
Como fazer isso? Tudo começa comigo, contigo, conosco.
Na minha vida sinto-me um trapezista a caminhar ao longo de uma linha fina. De um lado sinto todos os impulsos, críticas e ideias que considero ser importantes para mudar a sociedade e do outro carrego a minha sombra. Se não fôr capaz de lidar com a sombra, aceitá-la, transmutá-la, então ela vai influenciar o meu impulso, corrompê-lo e desfocar a intenção pura que está na origem do impulso. Para transmutar e potenciar a minha expressão preciso de deixar as chamas da paixão guiar-me no caminho da descoberta, do risco, dos erros, da auto-observação. Quanto mais observo, mais aprendo. Com o tempo a sombra vai perdendo a força e a expressão divina abala-me fortemente, ocupa o meu corpo, contagia os corpos à minha volta e traz ao mundo uma força maior. Esta força é sentida por todos e dela, a humanidade se inspira. 
O mundo precisa de ativistas com esta força, sem agendas pessoais, dispostos a lutar através do coração pelo coração da humanidade.