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Medo de existir

Sou Portuguesa e sim, confesso, tenho uma maior adição ao medo do que a comer chocolate. Por muito tempo da minha vida vivi a sobreviver. Isso é uma forma muito agressiva de se viver. Viver condicionada pelos mais variados monstros escondidos em armários, atropelando as pessoas à minha volta sempre que. É uma adição essa adrenalina quando o simpático se ativa e não penso, faço só o necessário para sobreviver... e os estilhaços dessas "guerras” estão em mim e em quem está à minha volta.

Ter Medo e Ter Medo de Ter Medo… para evitar existir e estar confortavelmente na penumbra de quem não arrisca nada.
Quando tenho Medo escondo-me, evito, engano e minto. Sim, minto e deixo um rasto de dor e vazio naqueles que mais amo. Tenho medo e sou cega, não vejo quem está ao meu lado, quem se quer relacionar comigo, com quem sou e não com esta patética máscara distorcida e disforme, das mil formas que tento tomar para ser aceite.

Quando tenho Medo, vivo desconetada, defendo-me, afasto os outros para ser independente. Só porque, na verdade, dependo do amor e aprovação dos outros para sentir que existo. Quando tenho Medo quero ser independente para ninguém me ferir, ou afasto-me para que ninguém me limite a liberdade – só eu posso limitar a minha liberdade – recusar a vulnerabilidade e intimidade com a desculpa que afinal é agora que vou descobrir quem sou e o que quero... é só uma desculpa para não amar, para me recusar a estar em relação, para não enfrentar e confrontar com autenticidade aqueles com que partilho esta maravilhosa aventura de existir.
Tenho Medo, não sou o Suficiente e hipoteco-me ( o que sou, o que desejo) só para receber uma pancadinha nas costas.
Tenho Medo e minto, faço-me pequenina, querida, simpática para que não me peçam responsabilidades, para não ter de encarar de frente os outros e posicionar-me no mundo e não ter de lutar pelo que sonho e acredito. Assim não arrisco o poder falhar.