Activismo: Coração em Ação

Participar activamente, todos os dias!

Sempre olhei para o Activismo como algo principalmente relacionado com a participação em protestos e/ou manifestações, levado a cabo por pessoas destemidas e incorformadas com determinada situação. E até ao ano 2020 apenas tinha participado numa manifestação, realizada pouco tempo depois dos sangrentos ataques em Timor Leste. Mas, quando no início do ano passado, o Mundo sofreu uma enorme reviravolta, senti um apelo não apenas de querer saber mais, mas acima de tudo, de querer participar activamente numa mudança, que vejo como cada vez mais urgente.

Uma definição muito simples para a palavra Activismo, que podemos encontrar na Wikipedia, é a de defender algo. Tenho contemplado muito este tema, no último ano e meio, principalmente ao ver tantas incongruências na comunicação dos media, organizações e governos, e confesso que cada vez mais me sinto um activista. O que quero dizer com isto? O que me tenho apercebido é que todas as minhas escolhas e ações, a cada momento, podem ser uma expressão de activismo. Como assim? Mesmo que eu esteja sozinho, o que escolho fazer a cada instante vai influenciar tudo à minha volta. E isso é ainda mais poderoso quando o faço com outras pessoas. Porquê? Porque eu não estou separado do que me rodeia, não só sofro a sua influência, como também influencio. Como dizia Krishnamurti, Eu não sou apenas uma pequena parte da humanidade, Eu Sou a Humanidade. Ou seja, tudo aquilo que cada um de nós escolhe dizer e fazer tem um impacto no Todo, na nossa sociedade e no Mundo.

Esta realização traz muito mais significado ao que escolho acreditar e fazer, pois essas escolhas não criam apenas a minha realidade, também ajudam a criar a realidade da sociedade em que vivo. Um bom exemplo, é o clima de medo que tem sido difundido e reforçado desde o início do ano passado! Medo de algo que não vemos e que, supostamente, tem uma enorme capacidade de nos matar ou deixar sequelas graves. Mas haverá mesmo razão para sentir tanto medo, ao ponto de sermos praticamente proibidos de viver a Vida com Alegria e em Liberdade? Será que tudo aquilo que ouvimos nos media e vemos publicitado por todo o lado é mesmo a pura Verdade? A mim custa-me muito a crer que o seja, assim como me custa ver a passividade e inércia, principalmente daqueles que também não acreditam nesta narrativa de controlo e medo, mas que se vão deixando levar, em troca de manterem intactas algumas regalias. Mas será que a liberdade humana vale assim tão pouco, ao ponto de poder ser negociada por um cartão que nos dá acesso, também ele condicionado, aos locais e experiências que desejamos não perder? Ou será que a Liberdade, conquistada com tanto sacrifício pelos nossos antepassados, nos incomoda? Porque para a manter e defender não basta falar ou escrever, precisamos fazer esforço, de ir além dos nossos medos, de sair do conforto do nosso pequeno mundo e das nossas ideias, para abraçar os desafios daquilo que ainda não conhecemos.

O que é cada vez mais claro e real para mim, é o reconhecimento de que cada escolha, bem como tudo o que digo e faço tem um impacto na Vida, na Sociedade e no Mundo! Por isso, continuamente faço a mim mesmo esta pergunta: Como posso colocar ao serviço os meus dons, as melhores qualidades que possuo, para defender e ser um exemplo daquilo em que realmente acredito? Mas não basta apenas fazer a pergunta, é igualmente importante vivê-la, e esse é o compromisso ao qual quero continuar a entregar-me, todos os dias! Agora, desengane-se quem pensar que escolher este caminho vai ser fácil e sempre fluído. Sejamos honestos, ninguém gosta de lidar com os seus padrões e hábitos egóicos e destrutivos. E quanto mais clara é a nossa consciência, mais difíceis de transcender nos poderão parecer esses hábitos. Mas se não tivermos a coragem de os enfrentar nós próprios, ainda que com a ajuda de quem quer apoiar o melhor em nós, ninguém o poderá fazer por nós.

Quantos de nós dizemos querer um Mundo melhor, mais livre, alegre e honesto, onde sentimos que a nossa contribuição é importante e nos sentimos inspirados em acordar de manhã, para viver plenamente cada dia? Pois bem, esse Mundo não só é possível, como depende totalmente das ações de cada um de nós! Agora, não podemos ficar eternamente à espera que os outros comecem, como é tão característico da nossa cultura portuguesa. Mais do que nunca é preciso termos iniciativa, ousarmos ser os primeiros, mesmo que sejamos os únicos a expressar e viver o que o nosso Coração desesperadamente nos pede. Como seria a vida de cada um de nós, se todos estivéssemos mais interessados em descobrir e viver o que é Verdadeiro e Real, como a nossa Liberdade intrínseca, do que apenas repetir velhos hábitos e, aos poucos, ir sucunbindo? E como seria a nossa sociedade, se cada um de nós seguisse os seus sonhos e decidisse viver de acordo com o que sabemos ser real na nossa própria experiência, mais pura e genuína? Iríamos certamente criar um maravilhoso Novo Mundo! Eu estou disposto a dar o meu melhor para a criação desse Mundo! E tu, queres fazê-lo comigo?